Lugar Geométrico
por Marcus de Lontra Costa
& Rafael Fortes Peixoto
Na geometria analítica, o lugar geométrico é um ponto, dentro de um conjunto, que você sabe da existência e das suas propriedades, mas não da sua localização. A partir desse conceito, Raul Mourão e suas obras instauram um questionamento sobre a complementaridade de relações antagônicas através da ocupação dos espaços históricos da Casa França Brasil, numa conexão profunda com o centro pulsante da cidade do Rio de Janeiro.
Como uma marca de sua produção, as diferenças de escalas, volumes e proporções aqui se manifestam através dos embates entre dentro e fora, cheio e vazio, público e íntimo, instável e estável. Em meio ao turbilhão de imagens e ideias da contemporaneidade o artista cria, constrói e ressignifica a essência construtiva na arte. Liberta de seus compromissos utópicos, a geometria se afirma como síntese de um discurso poético que acentua a atemporalidade da criação artística. Na tensão entre o peso dos materiais e a leveza das pendulações acontece o encontro entre a objetividade do cálculo e a surpresa sensual do movimento. Diante da iminência do desequilíbrio, do risco da queda, se dá o encantamento da forma, a experiência arrebatadora da arte.
Ao apresentar esculturas em grande escala e remontar, em uma das salas, um ambiente similar ao de seu ateliê, com protótipos das peças, pinturas e séries em desenvolvimento, Raul Mourão pretende atuar em diferentes planos, indagando sobre o papel e o espaço da arte na sociedade contemporânea, e propondo a dissolução das barreiras entre o fazer artístico e a nossa vida cotidiana.






































