Você está aqui – 2016
por Cauê Alves para exposição Você Está Aqui
São Paulo, junho de 2016
A sentença Você está aqui, título da mostra, geralmente é encontrada em mapas e sistemas de localização. Trata-se de uma indicação de um local preciso dentro de um esquema maior. Mas essa afirmação fora de um quadro de referência ou da cartografia, perde completamente a sua função de indicar a posição. Aqui indica este lugar que você ocupa, o local onde a mostra acontece e pressupõe um determinado instante. Num sentido ampliado, mesmo que o aqui não.. →
O que você vê? – 2015
por Fernanda Lopes para exposição Su Casa
Nova York, Outubro de 2015
Em 1964, Frank Stella afirmou sobre suas pinturas: “O que você vê é o que você vê.” A frase exemplifica o que é considerado um dos princípios do movimento minimalista. Em Su Casa, Raul Mourão parece revisitar essa declaração, mas tomando-a não como uma afirmação e sim como uma pergunta: O que você vê é o que você vê?
Ao longo de mais de duas décadas de produção, a obra de Mourão sempre foi marcada por um forte interesse pelo espaço.. →
Ver o visível – 2015
por Eucanaã Ferraz para a exposição FENESTRA
Março de 2015
Nessa nova mostra, Raul Mourão mais uma vez investe no difícil casamento entre acaso e construção. Uma atitude não se sobrepõe à outra e, antes, fazem-se na tensão entre ambas, criando-se com tal retesamento soluções que suspendem julgamentos inclinados à decisão ou à classificação.
Assim, sob a força de articulações desestabilizadoras, os trabalhos têm algo do princípio da gravura, mas não se definem pela reprodutibilidade. Adotam procedimentos da monotipia,.. →
A grade, o grid: o duplo – 2014
por Francisco Bosco para a exposição MOTO
Fevereiro de 2014
O motor da obra de Raul Mourão – a partir de certo estágio de formulação em que a obstinação das questões indicia a consolidação de um olhar, um gesto, uma singularidade – é, no meu entender, uma tensão que se poderia nomear, por uma cadeia de oposições, como aquela entre o mundo e a forma, o concreto e o abstrato, o significado e o significante, a heteronomia e a autonomia. Essa tensão em geral começa por se mostrar irredutível, sem síntese, sob a forma de.. →
Raul Mourão e sua arte de andar nas ruas do Rio de Janeiro – 2012
por Michael Asbury para a exposição Toque Devagar
Denominada Praça Tiradentes em 1890, em antecipação ao centenário (1892) da execução do mártir da Independência, o novo nome livrou-se das associações monárquicas do antigo, Praça da Constituição, que celebrava o local onde D. Pedro I, em 1821, jurou fidelidade à constituição portuguesa da sacada do Real Teatro São João (onde atualmente se encontra o Teatro João Caetano).
Renomeada um ano após a Proclamação da República, a Praça ficava, assim, desvencilhada de sua.. →
Tração Animal – Exposição – 2012
por Luiz Camillo Osorio para a exposição Tração Animal
Tração Animal apresenta um conjunto de obras recentes de Raul Mourão. A escultura sempre foi o seu ofício, mas as imagens e a rua empurravam o fazer escultórico e sua preocupação com o volume e a gravidade para a fluência da vida. As estruturas modulares utilizadas em andaimes são rígidas e utilitárias na sua função cotidiana. Nestes balanços de Mourão, todavia, elas se deixam conquistar pelo movimento, pela articulação lúdica e pela graça de só servirem ao olhar desarmado.
A.. →
Tração Animal (texto para o catálogo da exposição) – 2012
por Luiz Camillo Osorio para o catálogo Tração Animal
Tração Animal apresenta um conjunto de obras recentes de Raul Mourão. A escultura sempre foi o seu ofício, mas as imagens e a rua empurravam o fazer escultórico e sua preocupação com o volume e a gravidade para a fluência da vida. Espalhar clandestina e silenciosamente estruturas de ferro na cidade guardando e envolvendo o caule de algumas árvores, assim como enganchar artistas amigos nas paredes da galeria do Sergio Porto foram movimentos iniciais do artista respondendo a este apelo.. →
Entrevista com Raul Mourão para o livro MOV – 2010
Ateliê Raul Mourão
conversa via skype com Maria do Carmo Pontes (Londres) e Frederico Coelho (Rio de Janeiro)
Outubro de 2010
Maria do Carmo: A Rosalind Krauss tem um texto lindo sobre grid, em que fala sobre a presença dele na pintura do século XX, do grid como emblema da modernidade. Ela se refere só à pintura, mas acho que é um conceito válido para outras coisas também.
Raul Mourão: Não conheço esse texto. Ela se refere a uma malha ortogonal que está por trás de algumas pinturas?
MC: É, o grid pode mascarar.. →
Aberto para balanço – 2010
por Frederico Coelho para a exposição Movimento Repouso
Desde 2010 Raul Mourão vem trabalhando com esculturas cinéticas. Sua pesquisa sobre materiais e movimentos trouxe uma nova rota estética para sua obra. Em uma trajetória marcada pelo ecletismo de meios e frentes de ação, Raul mergulhou nesse universo e se concentrou por um período em seus balanços. Suas últimas exposições exploraram as múltiplas possibilidades nessa relação entre a matéria bruta do aço e sua leveza através de sutis movimentos pendulares. Se antes sua obra.. →
Elogio da instabilidade (prelúdio a uma colisão provável) – 2010
por Jacopo Crivelli Visconti
“A arte é o que torna a vida mais interessante do que a arte…”Robert Filliou
Passear pelas obras de Raul Mourão é um pouco como andar na rua: dá para ouvir a voz da cidade, sentir sua presença, tocar suas grades, suas casas, sua natureza sufocada; admirar seu futebol, seus Carnavais e seus artistas; aprender a conhecer seus cachorros, suas árvores, seus políticos, e todas as suas cores. O ateliê do artista (pode ser que de todo artista, mas de Raul Mourão em especial) é o lugar onde essa cidade.. →
Do ferro ao afeto – 2010
por Felipe Scovino
A primeira vez que tomei contato com a série Balanços de Raul Mourão foi em setembro do ano passado durante os ensaios da Intrépida Trupe para o espetáculo Projeto: Coleções. Mourão estava começando a experimentar os primeiros trabalhos dessa série (que apesar dele relacioná-las como estudo ou experiência de sucessões, como se cada escultura fosse o projeto ou um esquema para algo “melhor” ou maior, entendia que exatamente esse caráter desafiador, inconstante e molecular da escultura como forma transitória tinha.. →
Chão, parede e gente – 2010
por Frederico Coelho
I
A exposição está aberta e parada. Passo a passo, você entra na sala e pisa na certeza de que tudo está no lugar. Seu olhar confiante não procura mais o chão ao andar pelo recinto de uma galeria. Tem apenas que encarar as obras. E lá estão elas. Em sólida espera. Paradas, firmes, impávidas, retas.
No início, como se estivesse numa casa desconhecida, existe o receio de tocar em algo que vai quebrar ou a preocupação em tirar um móvel do lugar. Mas a partir do momento em que você mexe em uma das bordas,.. →
Raul Mourão, a gentil arte de burlar – 2007
por Paulo Herkenhoff no livro ArteBra
março de 2007
Um conjunto heterogêneo de obras de Raul Mourão enlaça o olhar com ironia. Mourão opera com a subtração da regra e formas gentis de sua transgressão. O artista desestabiliza. Tudo será objeto de ironia, do poder ao medo. Cada obra parece querer atuar como um aparelho para a prática dessa perversidade. Em seu repertório, existe o confronto com a ordem jurídica, leis da Física, estruturas comportamentais, normas e mores, cânone estético, regras do jogo, grade, malha ou a grid.. →
Samba da pizza – 2006
por Bernardo Mortimer
Rio de Janeiro, Abril de 2006
O presente passa, o presente muda, a obra-de-arte fica. E o Lula? Que dia é hoje mesmo? Ah, sim. Mais do que um tanto faz, é a surpresa do mentiroso, ou pior, do arauto da verdade da transmissão ao vivo da vez. O tempo passa, e o luladepelúcia ocupa o cargo máximo da nação. O PT não é o partido que era antes de 2003, ou é e não dava para desconfiar. O núcleo duro foi o que se desmanchou no ar.
A arte datada nem sempre é o contrário da arte eterna, e é fácil derrubar.. →
Freud explica Lula? – 2006
por Paulo Roberto Pires
publicado no site No Mínimo
Fevereiro de 2006
Comprei um Freud de pelúcia. É um Freud velho, é verdade, mas por isso mesmo parece experiente. Tem barba branquinha, óculos de aros grossos e fica sempre sentado, enfatiotado num terninho preto. Espero que ele me conforte e explique por que em nosso querido Bananão, e só aqui, uma outra criatura-piada de pelúcia, o Lula, nasceu como “arte” e, mais incrivelmente ainda, virou moda-cabeça para quem tem R$ 1 mil (!!!!!) sobrando e/ou gosta de tirar uma onda.. →
Luladepelúcia – 2005
por Daniela Labra
Rio de Janeiro, agosto de 2005
Estamos vivendo tempos de perplexidade e estupor. Novamente, fomos pegos de surpresa. Entretanto, ao contrário do que se pode imaginar, esta série criada por Raul Mourão, que tem como base a imagem do presidente Luís Inácio Lula da Silva, não é um ataque indignado ao escândalo político que assola a nação, desde junho de 2005.
Em boa parte de sua pesquisa, Raul se utiliza da ironia e do humor. Aqui, outra vez, essas características surgem, antecedendo uma denúncia de fato… →
Um trabalho de coragem – 2005
por André Sheik
Rio de Janeiro, novembro de 2005
Luladepelúcia é um trabalho corajoso. Fazer arte requer uma certa dose dessa qualidade, mas nem todos os trabalhos de arte trazem essa característica. Raul Mourão se arriscou e isso por si só já é muito bom. Fazer arte não é brincadeira, embora possa ser divertido e irônico em muitos casos. Olhar o presidente querido do Brasil feito um boneco suscita inúmeras metáforas e, como bom trabalho que é, Luladepelúcia carrega inúmeras delas e mais algumas que o próprio Raul provavelmente.. →
Um elefante incomoda muita gente… – 2005
por Paulo Reis
Rio de Janeiro, outubro de 2005
Brasil é um país onde o Surrealismo não fez escola. O Brasil é um país por demais surrealista, onde o real sempre suplantou a fantasia, para que o sonho e o automatismo pudessem ditar normas. A ópera bufa foi montada desde a chegada dos portugueses: um teatro religioso para um povo alheio aquela encenação. São quinhentos anos na busca de encontrar o outro, alteridade desgovernada, diria. Hoje a realidade deixa de ser surreal para ser supra-real. Os fatos poderiam ter saído de uma comédia.. →
O Lula não é de verdade, o Lula é de pelúcia – 2005
por Fausto Fawcett
Rio de Janeiro, Outubro de 2005
Todos sabem que o Brasil é um abismo que nunca chega. Um paiol de crises e vertigens calcadas em escravidões, colonialismos, plutocracias patrimonialistas, enfim, núcleos de excelências cercados por forças do atraso burocrático, ou da incompetência mais escancarada e cara de pau. Somos como a região da Trácia no império romano, região distante e equivocada quanto a sua importância, ou seja, nenhuma. Paradoxalmente, contrariando Nelson Rodrigues, é da nossa viralatice que devemos.. →
Ninguém sabia – 2005
por Andre Eppinghaus
Carioca, tricolor, empreendedor criativo.
Rio de Janeiro, outubro de 2005
Este trabalho foi apresentado a mim por Raul Mourão em julho deste ano. Naquele agradável almoço em Ipanema, eu me tornara mais um dos privilegiados a saber. Se poucos sabiam, muitos vão concordar: luladepelúcia é uma obra visionária. Começou como piada na semana seguinte a da posse do Presidente e quase três anos depois tem potencial para ser a melhor síntese artística da ressaca ética e moral que o país atravessa atualmente,.. →
A obra de arte na era da reprodutibilidade provocante – 2005
por Piu Gomes
Brasília, outubro de 2005
Se você lembrou de Walter Benjamin e seu famoso ensaio que sacudiu o meio artístico e fez todos repensarem a produção cultural, não foi por acaso. A nova obra de Raul Mourão, Lula de Pelúcia, também parte do princípio da reprodução para causar reflexão. Mas se Benjamin questionava, entre outros aspectos, o valor da obra – não mais singular, e sim disseminada – e o princípio da autoria – numa escala de produção industrial, vêm à tona manifestações artísticas como o cinema,.. →
Um boneco de Dorian Gray – 2005
por Marcelo Pereira
Rio de Janeiro, outubro de 2005
Luladepelucia foi imaginado por Raul Mourão no início do governo Lula. O Brasil vivia, naquele momento, um entusiasmo pela figura do novo mandatário. Tal entusiasmo, inédito na história recente do país, era expresso pelos mais humildes na confiança no presidente-operário; pelos intelectuais, na enfim chegada ao poder do símbolo maior de suas aspirações esquerdistas; e na imprensa, por um adesismo de primeira hora. Agora-a-coisa-vai.
Luladepelúcia era então um comentário.. →
drama.doc – 2004
por Guilherme Bueno
Junho de 2004
Raul Mourão, artista convidado para a segunda edição dos Projetos Especiais do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, apresenta a exposição Drama.doc, uma série de fotografias de detalhes arquitetônicos, e um conjunto de esculturas realizadas com grades de ferro, similares àquelas de segurança instaladas em edifícios. Ao eleger essas coordenadas como protagonistas de sua investigação, o artista discute o objeto artístico, seja em sua concepção fundadora, ou na natureza de sua intencionalidade.. →
Os signos ásperos – 2004
por Agnaldo Farias
São Paulo, março de 2004
Pensemos no jogo de futebol, esporte que o artista cultua e pratica com denodada bravura, na alegria antecipada da carona, na fila do ingresso, no alarido da turba abalroando-se, apressada em descobrir os lugares correspondentes, nos olhares excitados convergindo para o gramado, na entrada dos jogadores enfileirados, nos estrondos, nas luzes e na fumaça dos fogos e flashes, nas vozes estridentes irradiadas pelos radinhos colados aos ouvidos, na dispersão dos exercícios de aquecimento seguida.. →
Pequenas frações – 2003
por Paulo Venancio Filho
Rio de Janeiro, novembro de 2003
O que está nesta exposição de Raul Mourão provém, com certeza, de um sensor em movimento constante pelo ambiente social altamente saturado que, após captar determinado objeto ou situação, e inspecionar detidamente materiais, dimensões, formas, localizações, etc., procede imediatamente a uma sintética apreensão global do visado. Coloca-o numa espécie de programa de reestruturação plástica. O raciocínio aplicado é elástico, flexível, irônico e forma um conjunto de.. →
Cego só Bengala – 2003
por Daniela Labra
São Paulo, agosto de 2003
As estruturas-esculturas da série Grades, de Raul Mourão, são fruto da pesquisa cotidiana que o artista desenvolve sobre elementos rueiros: cães, sinalizações, objetos bizarros, gradis, frases. Interessado na sobreposição de materiais e na interseção de suportes e formas, Mourão tem no seu trabalho um ponto de confluência de muitas referências e experimentações. Sua obra se dá em meios diversos como o vídeo, pintura, fotografia, escultura, desenho e performance, sem que ele, no.. →
Carga Viva – 2002
Texto do catálogo da exposição com José Bechara
na Celma Albuquerque Galeria de Arte em Belo Horizonte
por Fernando Cocchiarale
Rio de Janeiro, junho de 2002
À primeira vista parece não haver qualquer afinidade entre a pintura de José Bechara e a escultura de Raul Mourão apresentadas, em duas mostras individuais, na Galeria Celma Albuquerque. Entretanto, afora a proximidade geracional, uma ressalva, de imediato, as aproxima: elas não são propriamente pintadas e esculpidas, embora se desenvolvam a partir da ampliação.. →
Os 90 – 1999
Texto parcial do catálogo da exposição coletiva Os 90
por Iole de Freitas
Paço Imperial, Rio de Janeiro, dezembro de 1999
Estive na casa de Rodrigo – Cabelo – há alguns dias. Linhas sobre panos vermelho, preto, branco. Desenhos intermináveis que instalam um continuum no espaço como se fossem fotogramas de um filme.
Imagens que ocorrem no mesmo instante nas performances e nos panos imantados num emaranhado de coisas, pessoas e formas.
Matéria em diversos estados: Sólido, gosmoso, semilíquido. Pegajosa como.. →
Cartoon – 1999
por Piu Gomes
Rio de janeiro, 1999
A cena é clássica: do alto, o objeto pesado despenca em cima do personagem, que estatelado fica a ver estrelas no ar. CARTOON transporta a ironia de um dos ícones do cinema de animação para o espaço da arte. Um corpo sem cabeça, literal paletó de madeira que termina na grande caixa, pesada, desproporcional. / Estamos perante o achatamento do pensamento racional, esmagado por uma blitzkrieg emocional? Ou constatamos que a vida real pode ser tão imprevisível como o mundo do desenho animado, onde as.. →
Um lugar que não existe – 1996
Por Marco Veloso, Novembro de 1996
“I want to extend my art perhaps into something that doesn’t exist yet”, esta afirmação de uma conhecida escultora norte-americana diz quase tudo o que eu gostaria de colocar ao lado desta exposição de Raul Mourão. Sinceramente, vi muito pouco o que ele produziu, a não ser através de fotos, de desenhos e de alguns poucos papos que tivemos.
Mas, fica-me a impressão de alguém altamente comprometido com o que faz. Não quero dizer com isto que Raul seja um dos artistas que buscam identidade pela.. →
Preto no branco e/ou – 1994
por Paulo Herkenhoff – Texto do folder da exposição coletiva
10 de maio a 19 de junho de 1994
Galeria da Escola de Artes Visuais do Parque Lage
Amador Perez, Anna Maria Maiolino, Franz Weissmann, Maria do Carmo Secco, Mira Schendel, Manoel Fernandes, Raul Mourão
Esta exposição tem inicialmente o mérito de reunir dois nomes matriciais da arte no Brasil desde o pós-guerra: Franz Weissmann e Mira Schendel. Franz Weissmann está na base do projeto construtivo da arte brasileira, num, papel histórico em que o pioneirismo.. →